Era para eu ter postado esta reflexão no sábado, mas sofri um impasse criativo. Espero que gostem. Por favor comentem e critiquem:
Ao assistir ao filme Exterminador do Futuro: Gênesis nessas
férias trouxe à minha mente uma série de reflexões sobre evolução tecnológica e
nossa dependência dela, as leis da robótica de Asimov e o fato perturbador de
tantos elementos e atividades importantes em nossa vida estar diretamente
ligado ao uso de tecnologia de ponta, a nossa concepção sobre o que é vida, a
evidente inspiração em momentos da nossa história como a Segunda Guerra
Mundial. A franquia do exterminador do futuro, até então exibiu quatro filmes,
O Exterminador do Futuro, Dia do Julgamento, Rebelião das Máquinas e a
Salvação. O quinto filme da franquia segue a ordem cronológica a partir do
segundo filme. A história trata sobre um evento apocalíptico, onde o mundo é
dominado por uma inteligência artificial (I.A.) chamada Skynet que foi
desenvolvida pela empresa de tecnologia Cyberdyne para operar os sistemas de
defesa dos EUA. Esta inteligência artificial cria consciência independente e
passa a ver a raça humana como uma ameaça, realiza um grande holocausto nuclear
matando milhões, os sobreviventes são levados a campos para extermínio e são
marcados com códigos de barras para identificação. Um líder surge entre os
humanos remanescentes e os ensina a combater as máquinas exterminadoras. Este
líder, estranhamente, possui informações muito detalhadas a respeito das
máquinas e da Skynet. Eu já conhecia os outros filmes, principalmente
Exterminador do Futuro e Dia do Julgamento (assisti a ambos em 1998 se não
falha a memória) e já havia refletido sobre esse tipo de assunto com a leitura
sobre a leis da robótica de Asimov e o excelente filme Eu, Robô, contudo,
seguindo a trilha do que promete ser a década das grandes franquias do cinema
mainstream, exterminador do futuro foi ressuscitado com êxito e fez um link
incrível com diversas mídias que eu já conhecia, e , que por ser criança, não
questionei na época.
O filme causa uma certa inquietação.
Um futuro dominado por máquinas, uma Terra estéril. Ambos, humanos e máquinas, são
antagonistas neste filme e a vida está em constante ameaça de extinção, ao
mesmo tempo em que os humanos são vistos como uma ameaça pela inteligência
artificial Skynet, quando cria consciência. No filme Eu, robô da obra homônima de
Isaac Asimov, o cérebro positrônico VIKI, cria uma nova interpretação das três
leis da robótica. Essas leis são tidas como um círculo de proteção perfeito,
permitindo que os seres humanos desfrutassem da prestação de serviços dos
robôs, sem serem, de alguma forma, prejudicados pelos mesmos. Os seres humanos
nesta obra assumem no início do desenvolvimento da robótica ao menos, que
precisam de leis invioláveis para mantê-los seguros. Seriam elas:
- 1ª lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação,
permitir que um ser humano sofra algum mal.
- 2ª lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por
seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira
Lei.
- 3ª lei: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que
tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Leis.
Teoricamente, um cérebro positrônico
tem percepções similares às humanas, de perceber aquilo que se passa ao seu
redor e refletir sobre tal com a finalidade de agir neste ambiente, prestar
serviços ou dar respostas. VIKI entende que a humanidade não cumpre com o que
exigem dos robôs: que cuidem deles e os proteja. Não é intenção de VIKI
destruir a humanidade, como a Skynet e depois Gênesis na Franquia do Exterminador
do Futuro, mas com sua nova interpretação das três leis, VIKI age para minar a
liberdade dos seres humanos, visando protege-los.
A priori
a linha que divide aquilo que é vivo do que está morto ou que nunca esteve
vivo, não é tão bem demarcada como sugere nossa vã filosofia. O estúdio alemão
de animação Kurzgesagt, explora essa ideia de maneira simples, mas profunda. No
vídeo What os life? And The Real Death?, é feita uma desconstrução da ideia de
vida no senso comum e são exploradas algumas possibilidades. A partir de uma
célula de um ser orgânico nos é mostrado que esta mesma célula é composta por
material não orgânico e trabalha regulando as funções do indivíduo que compõe
como se fosse uma máquina, mantendo a existência do mesmo através de reações
químicas. Então o que definiria a vida seriam as trocas e reações químicas a
nível celular? A existência dos vírus complica mais uma vez a questão, por
tratar-se de uma membrana de proteína com DNA ou RNA solto em seu interior e
que não consegue realizar nenhuma reação, troca ou reprodução sozinho, chegando
a ressuscitar células mortas para poder realizar tais funções. A mitocôndria
também e usada como exemplo ao contrário, pois a muitas eras atrás era um
organismo independente que se assimilou a célula, mantendo sua existência
através da preservação de suas informações. Poderíamos definir a vida como
informações, uma sequência funcional ou um código? Chegamos então finalmente a
motivação deste texto: A hipótese da inteligência artificial e/ou cérebro
positrônico. Se informações definissem o que é ou não é vida, seria errado
afirmar que poderíamos considerar uma possível inteligência artificial como um
ser vivo? Há necessidade de haver inteligência para considerar algo como vivo?
Sabemos bem que não. Hoje um carro exerce a mesma função que um cavalo exercia
para locomoção a um século atrás, e ambos precisam de "manutenção" para
permanecer “funcionando”. Mesmo que estejamos longe da tão aclamada e temida
inteligência artificial, alguns dos aparelhos que hoje são tão essenciais em
nosso dia a dia desempenham funções que antes eram realizadas por força/auxilio
animal e criaram necessidades antes inexistentes.
Desde a época em que éramos caçadores e coletores,
buscávamos desenvolver aparatos para facilitar o nosso dia a dia como clavas
para caçar e defesa (não havia muitas evidencias em pinturas rupestres de
humanos atacando uns aos outros), afiar pedras para criar facas e pontas de
lanças, domesticar animais (no período seminômade já havia cães acompanhando
humanos). Poderia passar por todos os períodos de evolução tecnológica, tão
conhecidas por todos, mas o fato é que passamos por intensas transformações
tecnológicas, alguns de nós já tiveram celulares que faziam única e
exclusivamente ligações. A maioria concebe a idéia de tecnologia com a ideia de
modernidade, mesmo sendo um elemento que a compõe. Marshall Berman é um autor
que explora profundamente o tema modernidade e alguns aspectos, ouso dizer,
podemos fazer algumas abstrações razoáveis. Segundo o mesmo “a modernidade não
cumpriu com a promessa de uma vida melhor ” e “a modernidade verdadeira é
autodestrutiva, pois se destrói e reconstrói o tempo todo”. Fazendo uma
abstração razoável, a mesma dinâmica pode ser aplicada à tecnologia. Novas tecnologias são criadas e aprimoradas o
tempo todo. O que é tecnologia de ponta hoje, toma-se obsoleto no dia seguinte.
No que diz respeito às tecnologias uma palavra quase profética pode definir seu
passado, presente e futuro... possibilidades, sejam estas boas ou ruins. Desde
o mais jovem de nós percebe os vários usos dados as tecnologias. A mesma lança
que auxiliou o homem primevo a caçar e obter alimento, mais tarde voltou-se
contra seu semelhante.
Na franquia do Exterminador do futuro há evidente alusão a
Segunda Guerra Mundial. A mesma foi usada para inspirar a dinâmica do conflito
futurístico contra as máquinas. Os campos de extermínio e as marcas em códigos
de barras (campos de concentração nazistas e as estrelas de Davi que os judeus
eram obrigados a exibir), a utilização de aparato nuclear (dia do julgamento e
Hiroshima e Nagasaki).
Pegando este gancho de pensamento será possível usar essa
tecnologia de maneira responsável? Não chegando ainda aos extremos como
desenvolvimento de uma inteligência artificial ou de um cérebro positrônico com
consciência independente, neste momento, em maior ou menor grau, a tecnologia assume
um papel fundamental no cenário atual. É uma espada de fio duplo: pode defender,
ajudar, ferir e... admitamos...pode matar aquele que a empunha de maneira irresponsável.
Fontes pesquisadas:
https://www.youtube.com/watch?v=QOCaacO8wus
Kurzgesagt – What is life? Is death real?
https://www.youtube.com/watch?v=21eFwbb48sE
Kurzgesagt – Who invented the internet? And why?
https://www.youtube.com/watch?v=2XkV6IpV2Y0
Kurzgesagt – The history and future of everything – Time
http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/clubedeleituras/upload/e_livros/clle000024.pdf
Eu, Robô – Isaac Asimov
http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/clubedeleituras/upload/e_livros/clle000024.pdf
- As leis de Asimov são Balela
http://www.ic.unicamp.br/~wainer/cursos/906/trabalhos/A1.pdf
- Visões de IA na literatura – Eduardo Moraes, Gustavo de Ângelo, Raphael
Marcos
Tudo que é sólido desmancha no Ar – Marshall Berman
Exterminador do futuro
Exterminador do futuro - Dia do Julgamento
Exterminador do futuro - Rebelião das Máquinas
Exterminador do futuro - A Salvação
Exterminador do futuro - Gênesis
Eu, Robô
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